Sucesso no Rio, hamburguerias artesanais invadem a Zona Norte
Lanches gourmet ultrapassam a fronteira do circuito Zona Sul-Barra e chegam à região
RIO - Cada vez mais as hamburguerias artesanais ganham espaço no Rio.
Mas engana-se quem pensa que elas são exclusividade do circuito Zona
Sul-Barra. Na Zona Norte, onde o “podrão” sempre foi rei, esse tipo de
lanche gourmet também já pode ser facilmente encontrado. A qualidade é
similar à das casas localizadas do outro lado do Túnel Rebouças.
Inaugurada no último mês de novembro, o Bronx Burger é a nova
hamburgueria artesanal do Cachambi. Nascidos e criados no bairro, o
publicitário Pedro Barbosa, o administrador Paulo Barboza e o operador
de mercado financeiro Rodrigo Espindola enxergaram na falta de opções da
região uma boa oportunidade para começar o negócio.
— Passamos dois anos trabalhando no projeto. E identificamos que os
moradores do Cachambi e do Méier estavam indo para outros bairros atrás
da novidade. O conceito de hamburgueria artesanal começou em São Paulo e
só depois veio para o Rio — conta Pedro Barbosa, o único do trio de
amigos que saiu do bairro e hoje mora na Barra da Tijuca.
Paulo Barboza completa:
— Fazíamos parte da classe média que precisava sair do bairro em busca de lazer.
Como quem bebe perto de casa não precisa dirigir, o Bronx oferece em
seu cardápio rótulos próprios de cerveja, harmonizados com suas quatro
opções de hambúrgueres.
— O Bronx Burger (R$ 19) é o mais pedido. São 200 gramas de carne,
queijo prato, com alface crespa, tomate em rodela, uma tira de bacon,
maionese, páprica e pão. O cliente pode escolher entre três pães
artesanais: o tradicional, com leve essência de abóbora; o de cerveja
preta com cacau, tipo australiano; e o pão vermelho de pimenta biquinho —
explica Espindola.
A carne é moída e temperada no local. Como diferencial, recebe um
tempero específico, feito no próprio Bronx. Do que ele é feito? Os
sócios fazem segredo.
Hambúrguer Vegetariano do Bronx, com pão vermelho de pimenta biquinho
- Hermes de Paula / Agência O Globo
Outro
destaque da casa é para quem prefere uma refeição mais leve: o
hambúrguer vegetariano. De cor rosa, é feito com massa à base de ovos e
leva palmito, pimentão, alface, tomate, molho rosé de ervas finas e
queijo prato (R$ 21).
Enquanto os amigos do Cachambi começam a se destacar na região do
Grande Méier, na Avenida Democráticos, em Bonsucesso, o Garga’s Lanches
já faz sucesso com seus hambúrgueres artesanais.
De propriedade do casal Cristiane Lanor e Renato Macedo, moradores de
Olaria, o estabelecimento começou a funcionar como um pequeno bar. A
casa existe há quatro anos, mas apenas em meados de 2014 os dois
decidiram investir na iguaria.
— Sempre gostei de inventar na cozinha. E comecei a ouvir pela
televisão que os hambúrgueres artesanais estavam se tornando um
diferencial em várias casas. Foi quando decidi investir — conta
Cristiane, que há três anos transformou o local numa lanchonete.
Cruel é o hambúrguer mais pedido no Garga’s Lanches, de Bonsucesso
- Bárbara Lopes / Agência O Globo
No
Garga’s (o nome veio do apelido de Renato, Gargamel, uma alusão ao
vilão do desenho animado “Os Smurfs”), o cliente pode escolher entre
quatro opções de hambúrguer.
— Nosso destaque é a carne, que pesa entre 350 e 400 gramas. Todos os
sanduíches são grandes, mas cada um tem um sabor diferente. O maior de
todos é o Gargamel (R$ 20,70). São duas carnes misturadas com bacon,
duas fatias de queijo cheddar e uma de prato, salada, molho especial e
cebola ao barbecue — conta a proprietária.
A casa oferece ainda o Cruel (R$ 14,79) que, segundo Cristiane, é o
sanduíche mais pedido. A carne é servida recheada com duas fatias de
queijo, bacon e molho parmesão.
— Somos os únicos da região. Tivemos até proposta para nos tornarmos uma franquia. Estamos em negociação — conta Cristiane.
ARTESANAIS ROUBAM A CENA
No Ventura, o chef André Ventura utiliza cortes diferenciados para preparar o hambúrguer, como o de picanha suína
- Bárbara Lopes / Agência O Globo
Morador
de Brás de Pina e estudante do último período do curso de Gastronomia
da Unisuam, em Bonsucesso, André Luís Ventura aprendeu a fazer
hambúrguer artesanal na faculdade. Ao abrir um restaurante na Vila da
Penha, em julho do ano passado, decidiu testar o que aprendera nas
aulas.
— Comecei servindo apenas almoços. Mas, como sempre gostei de
hambúrguer, passei a me aprofundar no assunto. No curso, descobri que
são colocados vários conservantes nos sanduíches industrializados. Além
disso, muitas vezes as carnes são misturadas e sem origem. O corte
também é uma incógnita — conta Ventura. — Desde o início, minha proposta
foi a de reduzir ao máximos os corantes e outros produtos químicos.
Tanto é assim que faço os molhos aqui.
Em janeiro, depois de entrar no ramo dos sanduíches gourmet, o chef
mudou o nome do estabelecimento. De Artesanal passou a se chamar Ventura
Burger Artesanal.
— O objetivo passou a ser desafiar o paladar das pessoas. Por isso
não uso cortes tradicionais. Preparo hambúrgueres à base de palmito,
coração de galinha, camarão, rabada, carne-seca e picanha suína. E tenho
um fornecedor de pão que não trabalha com conservantes — conta o
proprietário.
No Ventura, o cliente monta seu próprio sanduíche. Ele escolhe uma
carne, ou qualquer outro recheio principal (a média é de 160 gramas).
Depois, tem à disposição oito opções de pães, cinco de queijos, cinco de
molhos e quatro acompanhamentos. Também pode adicionar ovo, bacon, mais
queijo ou mesmo carne.
— O mais pedido é o de contrafilé, por uma questão cultural. Muitos
clientes, principalmente os que ainda estão conhecendo a casa, ficam com
medo de errar — acredita Ventura.
O chef Yasser Regis, do Ex-Touro: a boutique de carne que se tornou hamburgueria
- Hermes de Paula / Agência O Globo
Quem
também entrou no nicho dos hambúrgueres artesanais por “amor à carne”
foi o chef Yasser Regis, do Ex-Touro. A casa localizada no Cadeg, em
Benfica, abriu suas portas em março do ano passado, destinada a ser uma
“butique de carne”, como define o proprietário.
— Sou extremamente carnívoro. Como carne todos os dias. E sempre fiz
hambúrgueres para os meus amigos de maneira informal — conta Regis. —
Depois, eu mesmo comecei a desenvolver as receitas. Hoje em dia, ao
contrário do projeto inicial, a casa é muito mais uma hamburgueria.
O estabelecimento tem cinco receitas diferentes no cardápio. O
destaque é a que leva o nome da casa. O Ex-Touro (R$ 24,90) vem com um
blend de 200 gramas de contrafilé, fraldinha, acém e bacon, queijo
prato, maionese, alface e tomate, em um pão artesanal de cerveja.
Outro campeão de vendas é o Suíno (R$ 24,90), feito com hambúrguer de
200 gramas de carne suína, queijo cheddar, cebola caramelizada com
teriyaki caseiro (molho japonês usado para dar sabor agridoce à cebola) e
abacaxi no pão de bacon.
Regis desenvolve o máximo de ingredientes possíveis no local.
— Só não planto o alface e o tomate, nem ordenho a vaca para fazer o queijo. O resto, é tudo preparado aqui — brinca o chef. SUCESSO QUE VIROU FRANQUIA
O Zacks começou com uma loja no Centro e acabou se tornando uma
franquia. Entre os destaques no cardápio estão o Manhattan (foto)
- Bárbara Lopes / Agência O Globo
Antes
mesmo de virar moda, muita gente já apostava no hambúrguer artesanal. É
o caso de Eliane Vital, gerente geral da rede Zacks. A franquia foi
aberta no Centro, em 2007, e logo se espalhou pela cidade (são sete
unidades, inclusive no NorteShopping).
— Inauguramos com o conceito gourmet e receitas originais, produzidas
na loja. Mas com o aumento da demanda, tivemos que terceirizar a
produção da carne — diz Eliane.
São sete hambúrgueres no estilo artesanal. O destaque é o Manhattan
(R$ 25,90), feito com pão, carne, bacon, picles, queijo cheddar, tomate e
alface, acompanhado de batata frita.
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